O termo artroscopia significa olhar dentro da articulação (arthros + skopein). Desenvolvida no Japão em 1918 pelo prof. Kenji Takagi, inicialmente era realizada com o propósito de auxiliar no diagnóstico. A com o aperfeiçoamento dos instrumentos a técnica passou a ser utilizada no tratamento.
Atualmente a observação da articulação é feita através de uma câmera, conectada a um sistema óptico com ponta fina e que é facilmente introduzida e manipulada na articulação. Este sistema está ligado a um monitor no qual a imagem é transmitida, podendo inclusive ser gravada como documentação própria ao paciente e ao médico. Segundo a American Orthopaedic Society for Sports Medicine (AOSSM) são realizados no mundo inteiro aproximadamente 4 milhoes de artroscopias do joelho por ano.
São indicadas em algumas situaçōes como: lesōes de menisco e de cartilagem que não melhoraram com fisioterapia e viscossuplementação, corpos livres intra-articulares, plica sinovial interposta, alguns tipos de bursite e sinovite e em alguns procedimentos de realinhamento patelar.
Antes da artroscopia o paciente deve ser submetido a exames pré-operatorios (hemograma, coagulograma e eletrocardiograma), e toda a logistica do dia da cirurgia deve ser repassada (horários de internação, jejum e alta provável).
A anestesia pode ser raqui, peri ou geral.
Para o procedimento, o membro inferior operado é garroteado, e soro fisiologico é bombeado para dentro da articulação, expandindo a capsula articular e evitando sangramentos, permitindo assim visualização perfeita das estruturas internas. As micro-incisões são realizadas ao redor do tendão patelar, e além da correção necessária, toda a cavidade articular é revisada.
A recuperação normalmente é bem rápida, porém depende do propósito do procedimento e de como foi executado.
O Ligamento Cruzado Anterior (LCA) é um dos principais ligamentos do joelho, e com certeza o mais famoso devido ao número de lesões em praticantes de atividade física e esportistas profissionais.
Anatomicamente apresenta origem na parede medial interna do côndilo femoral lateral e inserção central no planalto tibial, com trajeto caudal-medial-frontal, e compostos por duas bandas principais: a ântero-medial (AM) e a póstero-lateral (PL).
Antigamente conceituava-se o LCA como uma estrutura simples, com função primária de restringir a anteriorização da tíbia em relação ao fêmur. Hoje sabemos que cada porção do LCA possui função própria, e parte do controle rotacional do joelho tambem é de responsabilidade do LCA.
A banda AM atua quando o joelho encontra-se em flexões acima de 60 graus. Ja a PL é responsável pela estabilidade desde a extensão total, até graus intermediários de flexão (entre 45 e 60 graus), alem do controle rotacional articular.
As lesões do LCA ocorrem normalmente após entorses do joelho durante a prática de atividade fisica. Durante este movimento, o fêmur e a tíbia “rodam” em direções opostas, torcendo as fibras do LCA, causando a ruptura de sua continuidade, e consequente perda funcional.
No momento da lesão é comum o paciente sentir e ouvir um estalido no joelho, o inchaço pode ser imediato devido ao sangramento intra-articular e a articulação ficar bloqueada.
Por ser uma lesão de grau moderado a alto, podem ocorrer lesões associadas de meniscos, ligamentos colaterais e cartilagem.
Nos dias posteriores, o inchaço pode ceder, a sensação de dor e bloqueio diminuir, e o paciente sentir-se apto para retomar as atividades normais em sua vida. Neste momento, não havendo a estabilização oferecida pelo LCA, o joelho pode comecar a falhar e o paciente sentir falseios repetidos.
Exames de imagem comprovam a lesão do LCA e possíveis associadas, além de mostrar as outras estruturas internas do joelho.
Após confirmado diagnóstico, observa-se a evolução clínica e submete-se o paciente a provas funcionais para que possa ser classificado dentro de 3 categorias: compensante, adaptável ou não-compensante.
Isso auxiliará na escolha do tipo de tratamento entre clínico e cirúrgico.
Se o paciente apresentar pouca instabilidade, dor controlável e não tiver outras lesões graves, pode ser que os sistemas de adaptação do seu joelho estejam conseguindo manter a estabilidade mesmo sem um LCA competente. Este é o paciente compensante e o seu tratamento inicial deve ser o não cirúrgico.
Em alguns casos, verificamos ao longo das semanas que a instabilidade ocorre somente em poucas situações, às quais o paciente aprende a controlar a evitar. Este é o adaptável e o tratamento inicial também pode ser não cirúrgico.
Agora, quando há instabilidade importante e/ou limitante, ou seja, as estruturas de apoio não suprem a ausência do LCA, este é um paciente não-compensante, a opção inicial já deve ser a cirúrgica.
O tratamento conservador consiste em diminuir os sintomas do paciente através de medicações sintomáticas, fisioterapia e reforço muscular. Avaliações periodicas são importantes para ter certeza de que este é realmente o caminho certo a ser seguido.
Muitos estudos demonstram o desenvolvimento de artrose em pacientes com lesão do LCA e submetidos a tratamento conservador. No entanto, ainda não há comprovação sobre qual seria o principal causador desta artrose. Lesões associadas, instabilidade e a intensidade do trauma são citados como possíveis causadores. Fato é que também há trabalhos demonstrando que joelhos submetidos a reconstrução do LCA desenvolvem artrose precoce. As lesões associadas podem influenciar, tal qual a intensidade do trauma. Já o fator instabilidade é que motiva cada dia mais o desenvolvimento de uma técnica cirúrgica “perfeita” nos casos em que realmente haja a necessidade da reparação.
Devido a elasticidade do LCA, após romper, suas fibras “encolhem”, e a sutura é invíavel. Sendo assim, deve ser colocado um enxerto no seu lugar cumprindo a função primária do LCA.
Os enxertos mais utilizados no Brasil são os tendões dos músculos semi-tendíneo e grácil (flexores), tendão patelar e tendão quadricipital. Em alguns paises os enxertos de cadáver estao disponíveis, e sua utilização torna a cirurgia menos agressiva.
O enxerto é implantado no joelho através de dois túneis osseos, um no fêmur e outro na tíbia, sendo a maior parte da cirurgia feita via artroscopia.
A fixação é feita conforme a técnica utilizada e o tipo de enxerto escolhido pelo cirurgião.
Nesta busca por melhores resultados reconstruções em dupla-banda e até em tripla-banda foram propostas, sendo a primeira muito utilizada em centros de referência de cirurgia do joelho pelo mundo. Uma outra opção é a reconstrução simples do LCA tendo como parâmetros para a confecção dos túneis o coto do LCA rompido e suas inserções originais, o que é chamado de reconstrução anatômica.
O Dr. Eduardo, especialista em cirurgia do joelho, e sua equipe usam como técnica a reconstrução anatômica do LCA, variando o enxerto conforme a exigência física do paciente, baseado em estudos que demonstram a sua superioridade em relação à técnica não-anatômica e a proximidade dos resultados com a dupla-banda, sendo no entanto menos agressiva ao joelho do paciente. Nossa técnica foi aprendida e treinada durante o período de estudos na Universidade de Pittsburgh nos Estados Unidos, chefiada pelo Dr. Freddie Fu, o maior pesquisador em LCA do mundo, durante estágio na Universidade de Connecticut com o Dr. John Fulkerson e sua equipe e em período de observação na Clínica Mayo com o Dr. Bruce Levy.
A reabilitação pós-cirúrgica deve ser precoce, para que o paciente possa retomar suas atividades cotidianas e dirigir o mais breve possível, respeitando sempre os períodos de cicatrização da pele e do enxerto, e a recuperação funcional e muscular do joelho operado. O protocolo utilizado na CORD é o Protocolo Acelerado do Shelbourne Knee Center em Indianápolis (EUA), aprendido durante período de intercâmbio neste famoso serviço nos Estados Unidos, e cujo inventor, o Dr Donald Shelbourne, é um dos maiores nomes na cirurgia de reconstrução de LCA no mundo.
Compostos por uma matriz orgânica que contém colágeno (tipo 1) , fibroblastos e fibrócitos, além de uma grande quatidade de água (aproximadamente 70%), os meniscos são estruturas internas do joelho, responsáveis principalmente pela absorção de impactos e adaptação do fêmur à tíbia.
Seu poder de absorção se deve a sua elasticidade, proveniente da quantidade de água que possui, e pela disposição das fibras em sua estrutura, que transmitem o impacto para a periferia do menisco pelas fibras radiais (centrais) e o dissipam através das fibras circunferenciais. É o amortecedor dos joelhos.
Existem dois meniscos em cada joelho: um próximo à linha média do corpo chamado de MEDIAL e um do lado oposto chamado LATERAL.
A característica de adaptação óssea do menisco é dada pelo seu formato achatado, tendo a base reta que fica apoiada perfeitamente a tíbia, e a parte superior côncava, acoplada perfeitamente aos côndilos femorais convexos. É a peça de encaixe deste quebra-cabeça. Muito importante nessa função é a fixação do menisco à tibia e ao fêmur. Sabemos atualmente que as conexões ligamentares menisco- tibiais, menisco-femorais e menisco-sinoviais são importantíssimas para sua estabilidade, e as lesões devem ser valorizadas e muitas vezes corrigidas. As raízes meniscais, localizadas nos extremos anterior e posterior de cada menisco, são as conexões com os ossos. Importantes na fixação e estabilização meniscal, sua reconstrução em casos de lesão é fundamental para evitar a extrusão meniscal.
Além destas, possui outras funções como: estabilizador secundário do joelho, auxiliar nos movimentos e na dissipação do líquido sinovial, que é o “óleo” articular.
A vascularização dos meniscos é muito pobre. O menisco medial possui vasos sanguíneos em 10% a 30% da extensão de sua superfície, e o menisco lateral entre 10% a 25%.
Podemos dividi-los em 3 zonas distintas: a vermelha-vermelha (VV), a vermelha-branca (VB) e a branca-branca (BB), de acordo com a presença de vascularização local, senda a VV a mais irrigada e a BB menos. Sendo assim, é importante ressaltar que pela baixa vascularização, o poder de cicatrização do menisco torna-se baixo (principalmente nas zonas VB e BB), fato este que deve ser levado em consideração diante de uma lesão meniscal.
Completando sua estrutura temos a sua inervação. Três tipos de terminais nervoso principais estão presentes nos meniscos: Ruffini, que são os lentos (para início de movimentos), Paccini, rápidos (importantes para a propriocepção) e Golgi, ativados em movimentos extremos (ajuda a impedir lesões).
As lesões meniscais podem ser de causa traumática ou atraumática. Normalmente os entorses ou traumas laterais/mediais, são os principais causadores destas lesões.
Sobrecargas ou o próprio envelhecimento podem gerar lesões de caráter degenerativo no menisco. Uma das situações que mais se observa este tipo de lesão são em pacientes com lesões prévias no joelho, com instabilidade crônica (mais comum em sequelas de lesão do LCA). Nestes casos ocorre uma sobrecarga principalmente do menisco medial na tentativa de impedir a anteriorização da tíbia em relação ao fêmur. Pacientes com desvios angulares no joelho (varo ou valgo) podem também apresentar lesões degenerativas.
Os sintomas característicos são: dor na interlinha articular (medial ou lateral), falseios ou bloqueios (podendo haver restrição para dobrar ou esticar o joelho), inchaços e dificuldade para realizar atividade físicas ou cotidianas.
O diagnóstico é clínico, composto pela história da dor, característica dos sintomas do paciente e testes clássicos específicos, somado a um exame de imagem (RNM) complementar.
Alguns tipos de lesão de menisco, principalmente as degenerativas e algumas traumáticas podem e devem ser tratadas conservadoramente. É importante nestes casos, pelo fato de haver normalmente lesões associadas, avaliar as chances de sucesso e a participação da lesão meniscal nos sintomas do paciente. Terapia medicamentosa e fisioterápica formam a base deste tratamento. Se a evolução for satisfatória, ouvindo sempre a opinião do paciente, um trabalho de fortalecimento muscular de manutenção deve ser instituído (www.fisioterapia.pro).
Já lesões com sintomas exuberantes, que falharam ao tratamento conservador e as de prognóstico ruim, devem ser tratadas por artroscopia (www.joelho.pro). Nestas situações deve-se avaliar a possibilidade de sutura do fragmento lesionado, o que temos tentado em quase 80% dos casos na CORD. Isso imporá uma reabilitação mais longa ao paciente, porem oferecerá qualidade de vida util e evitará o desenvolvimento de artrose precoce.
A soltura/lesões da raíz meniscal, causa ao joelho um efeito semelhante ao da ausência de menisco devido à “expulsão” do menisco do seu local normal, ou seja, aumento potencial de impacto, chegando a 300% dos valores normais. A raiz deve ser reinserida no osso, e o menisco reposicionado.
Lesões tipo Rampa (Ramp Lesions), que são solturas posteriores devido lesao nos ligamentos menisco tibiais, também podem causar efeito semelhante, e devem ser reinseridas.
Nos casos de impossibilidade de sutura, deve-se realizar a excisão apenas do fragmento machucado, preservando ao máximo o restante do menisco, o que a longo prazo será fundamental para evitar artrose e a curto prazo manterá a homeostasia articular.
Este é como o Dr. Eduardo, especialista em cirurgia de joelho, analisa os casos de lesão de menisco dos pacientes da CORD. Este pensamento também é usado em muitos centros de referência em medicina do esporte nos Estados Unidos conforme podemos observar em visitas a estes centros e apresentações em congressos. Nos últimos anos, aumentamos em muito o numero de sucesso com o tratamento não cirúrgico e de sutura de menisco, evitando consequencias graves ao joelho, possibilitando retorno dos nossos pacientes a vida cotidiana e ao esporte, e isso é um grande orgulho da equipe de médico e fisioterapeutas da CORD.
A reabilitação fisioterápica é iniciada na sala de cirurgia para evitar inchaços, e as sessões na clínica começam no dia seguinte para que o paciente possa em poucos dias estar com suas atividades rotineiras restabelecidas.
Um joelho normal tem o ângulo formado entre o fêmur (osso da coxa) e a tíbia (osso maior da perna) virado para fora, ou em VALGO. Isso permite a boa distribuição do peso do corpo sobre os joelho quando estamos em pé e quando andamos.
Algumas situações podem fazer com que o joelho deixe de ser valgo e seja/torne-se VARO (virado pra dentro – tipo cowboy):
– Tendência genética
– Retirada de fragmentos de menisco lesionado
– Erros de pisada
– Instabilidade articular
A modificação desse ângulo altera a distribuição de cargas sobre o joelho e um desgaste pode ser iniciado ou piorado.
O diagnóstico da causa do problema é fundamental para um tratamento mais eficaz. Exames de radiografia panorâmica e ressonância magnética são essenciais, mas a baropodometria (teste de pisada) pode acrescentar muito no planejamento terapêutico.
O tratamento busca a melhora da articulação, o que nem sempre significa deixá-la sem dor!
Fortalecimento muscular, treino de equilíbrio e correção da pisada fazem parte do nosso protocolo clínico.
Quando não conseguimos melhorar a qualidade de vida do paciente dessa forma temos que optar por soluções cirúrgicas. A OSTEOTOMIA DA TÍBIA é um procedimento antigo que vem ganhando espaço novamente da cirurgia do joelho e medicina do esporte. Consiste em, através de um corte ósseo, endireitar a perna e fixá-la numa posição parecida com o normal, melhorando assim a distribuição de cargas no joelho, poupando novas cirurgias de menisco e evitando/desacelerando a artrose.
Resquício de tecido embrionário (mesenquimal), a plica sinovial é uma membrana fina localizada na superfície articular, podendo ou não ficar interposta entre a patela e o fêmur durante o movimento de flexo-extensão do joelho. Pode ser observada em cerca de 50% da população, porém em 3 a 8% destes ela causará sintomas. A variação mais constante (50 a 70%) e que causa sintomas é a medial. Os outros tipos são: lateral, a inferior (ligamento mucoso) e a supra-patelar.
Como descrito acima normalmente são assintomáticas, podendo passar despercebidas a vida inteira. Quando sintomática, o paciente queixa-se de dor na parte da frente do joelho, com sensação de queimação após esforços, bloqueios e crepitação. Ao exame físico há dor a palpação e nos testes de flexo-extensão com mobilização patelar (teste provocativo). Podem ser feito testes sob bloqueio anestésico intra-articular. O diagnóstico diferencial, e constantemente motivo de erro no tratamento, é a condromalácia patelar, que pode existir secundária a presença da plica. A confirmação diagnóstica pode ser feita por exames de imagem (RNM).
O tratamento inicial deve ser conservador, com repouso e fisioterapia. Medicamentos sintomáticos podem ser associados com moderação. Se houver persistência dos sintomas a ressecção via artroscópica deve ser realizada.
As próteses de joelho são substituições articulares indicadas em casos de artrose severa, com ou sem desvio do eixo do joelho, dor importante e restrição funcional, limitando o paciente de atividades cotidianas.
A ideia de interpor algo entre os ossos do joelho para evitar o atrito e a sobrecarga óssea, e consequentemente a dor, surgiu em 1860 por Fergunsson. As tentativas iniciais foram realizadas com tecidos moles (cápsula articular, pele, músculos, fáscia, gordura e até tecidos suínos). O primeiro implante surgiu na década de 40, porém como não reproduzia a complexidade do joelho, o paciente permanecia com dor, instabilidade e perdas funcionais importantes. Em 1971 Gunston conseguiu reproduzir parcialmente o conjunto de movimentos do joelho, e desenhou uma prótese que apresentou melhores resultados, sendo este o modelo para os implantes seguintes. Hoje em dia, o desenvolvimento da técnica da cirurgia de prótese de joelho tem proporcionado uma melhora importante na qualidade de vida dos pacientes.
Esta evolução passou recentemente pelo desenvolvimento das próteses parciais, aonde é feita a substituição apenas do compartimento do joelho atingido pela artrose grave. Existem 3 compartimentos no joelho: o medial, lateral, compostos pela articulacao entre fêmur e tíbia, e o patelo-femoral. Estes tipos de prótese tem indicações restritas, e o joelho deve ser cuidadosamente analisado para que não haja substituição ou manutenção indevida de determinadas estruturas.
São realizadas em média 130 mil cirurgias de prótese de joelho por ano nos Estados Unidos. A técnica consiste em expor integralmente a articulação através de uma incisão longitudional anterior ao joelho, e abertura das camadas subcutâneos e do aparelho extensor (tendão quadricipital, cápsula e retinácula medial, extendendo o corte medialmente ao tendão patelar até proximo à tuberosidade anterior da tibia). Todo tecido degenerado deve ser retirado. A cartilagem é extraída através de cortes ósseos guiados por instrumentos milimetricamente inseridos, preparando o fêmur, a tíbia e a patela para receberem os implantes fixados por cimento ósseo. O material mais utilizado para confecção das próteses é uma liga metálica de Cromo-Cobalto no fêmur e um “insert” tibial de Polietileno conectado a uma base metálica da mesma liga ou de titânio. O componente patelar também é de polietileno. Existem outros materiais que podem ser utilizados em pacientes alérgicos a este tipo de metal.
O Dr. Eduardo, especialista em cirurgia do joelho, utiliza os seguintes parâmetros para indicar a cirurgia:
– ARTROSE GRAVE COMPROVADO POR EXAMES DE IMAGEM
– DOR IMPORTANTE (com a qual o paciente dependa de medicações para estar bem)
– RESTRIÇÕES FUNCIONAIS IMPOSTAS PELO DESGASTE (dificuldade em realizar tarefas básicas)
Os desvios angulares do joelho devem ser levados em consideração. O sistema músculo-esquelético humano, no qual as articulações estão incluídas, podem ser comparadas à um sistema de engrenagens, aonde quando uma das peças começa a entortar e falhar, as outras podem ser sobrecarregadas. Um desvio em valgo ou varo do joelho deve ser cuidadosamente estudado para que evitemos dores principalmente na coluna lombar e nos quadris.
A idade do paciente nao é fator de contra-indicação para colocação da prótese. Tanto paciente jovens quanto idosos podem ser submetidos ao procedimento desde que haja a indicação correta e a sua condição clínica permita o procedimento.
O retorno da deambulação é precoce, com auxílio de andador e depois bengala. A fisioterapia deve ser iniciada rapidamente.
Os objetivos da fisioterapia são : trabalhar os movimentos do joelho, cuidados com a cicatriz e desenvolvimento de reforços musculares de proteção. Estas medidas permitem ao paciente voltar a andar normalmente e executar as atividade diarias sem dor, além de evitar o desgaste precoce do implante.
Historicamente o trato Iliotibial foi descrito pela primeira vez por Vesalius em 1543, recebendo grande contribuição nos seus estudos em 1843 pelo francês Maissiat (Faixa de Maissiat). Anatomicamente é uma estrutura complexa, formada por parte das inserções dos músculos glúteo máximo e tensor da fáscia lata, e pela fáscia lateral da coxa, sendo denominada aponeurose glútea. Apresenta trajeto distal na coxa, inserindo-se no Tubérculo de Gerdy na Tíbia, na retinácula lateral da patela e na fáscia da perna.
Suas funções são:
– auxiliar postural e no equilíbrio ao nível do quadril
– coordenação do balanço entre joelho e quadril
– estabilizador lateral e rotacional do joelho
A Síndrome do Trato Iliotibial é causada pelo atrito excessivo da sua porção distal sobre o epicôndilo lateral do fêmur durante o movimento repetido de flexão e extensão do joelho. Alguns fatores podem predispor o seu aparecimento, como: pronação excessiva dos pés (causa rotação interna da tíbia e aumento do contato do trato com o fêmur), joelho em varo e o encurtamento e fraqueza muscular ao nível da coxa. Sendo assim, é uma patologia muito observada em ciclistas e corredores.
O sintoma característico é dor na lateral do joelho, inicialmente após grandes esforços, tornando-se freqüentes até acometer o paciente mesmo ao repouso. Pode haver inchaço local.
O exame físico deve ser minucioso para diferenciar esta patologia de outros processos locais, como: tendinite do Bíceps, condropatia/artrose, lesão no Ligamento Colateral Lateral, lesão no menisco lateral, Síndrome Patelo-Femoral, tendinite do Poplíteo e fratura por stress.
Os sinais clínicos verificados normalmente são:
– Dor a palpação lateral do joelho (aprox. 2 cm acima da linha articular), com piora quando o paciente encontra-se em ortostase e com flexão do joelho em 30 graus.
– Pontos gatilhos do músculo Vasto Lateral, Glúteo Médio e Bíceps Femoral ativados e irradiando distalmente para a lateral do joelho.
– Edema local
– Teste de Ober positive: demonstra o encurtamento to Trato Iliotibial.
O diagnóstico pode ser confirmado por exames de imagem (RNM).
Depois de identificado o fator causal, este deve ser abordado, junto ao tratamento sintomático do paciente. Apenas tratar a dor pode não ser o suficiente. Busca-se sempre tratar a CAUSA, atingindo assim as suas CONSEQUÊNCIAS. Os recursos terapêuticos utilizados são:
– Medicação sintomática: analgésicos e anti-inflamatórios (com moderação)
– Bandagens ou tiras
– Fisioterapia: inicialmente analgésica, acrescentando módulos de estímulo cicatricial, revascularização tendinosa, alongamento e reforço muscular, conforme a melhora dos sintomas. Terapia por Ondas de Choque (TOC) é um dos recursos que mais utilizamos na CORD, e os resultados correspondem com os da literatura mundial, que são extremamente animadores. Correções posturais podem ser necessários.
– Modificação no treinamento: minimizando atrito do trato com o fêmur, mas mantendo o treinamento cardiovascular do paciente e evitando encurtamento e atrofias musculares, que aumentariam o risco de recidiva.
– Infiltração local: pode ser necessário em casos de persistência da dor.
– Palmilhas para correção da pronação se houver necessidade.
– Cirurgia: em casos de insucesso com o tratamento conservador, visando o alongamento/liberação do Trato Iliotibial ou a diminuição do atrito deste com o epicôndilo lateral.
A terapia de infiltração de ácido hialurônico no joelho tem ganho cada dia mais lugar no nosso arsenal de tratamento devido aos ótimos resultados demonstrados principalmente em condromalácia patelar.
O ácido hialurônico está presente em grande quantidade na cartilagem articular e no líquido sinovial, o óleo da articulação. Processos inflamatórios repetidos, lesōes e o próprio envelhecimento fazem com que esse líquido torne-se viscoso, perdendo suas propriedades de lubrificação e proteção anti-choque. Isso também influencia na nutrição das células da cartilagem, os condrócitos, que dependem da chegada de alimentos no meio deste líquido para dentro da sua matriz.
As indicações para o tratamento são as patologias degenerativas articulares, artrose e a condromalácia patelar. Ele pode ser usado como coadjuvante nos tratamentos de lesões meniscais e ligamentares para manter a harmonia do meio interno para facilitar os processos cicatriciais.
Os efeitos diretos das infiltrações são:
– lubrificação articular
– estímulo às membranas sinoviais para produção de líquido sinovial
– fortalecimento da camada de revestimento cartilaginoso
– nutrição dos condrócitos
Os protocolos são compostos por uma aplicação única de 6ml, ou 3 a 7 aplicaçōes semanais ou quinzenais de 2 ml, de acordo com a preferência do médico e gravidade das lesões. Os efeitos observados são:
– diminuição dos rangidos e crepitações
– aumento da resistência articular
– alívio das dores